quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
O trabalho de combate ao mosquito aedes aegypti, transmissor
dos vírus da dengue, zika e chikungunya, ganha cada vez mais força nas
instituições que compõem a Educação estadual. Com o intuito de difundir
práticas e conhecimentos no controle do vetor, a Secretaria da Educação do
Ceará (Seduc), por meio da Agência Ambiental na Administração Pública (A3P),
tem formado brigadas para atuar diretamente no combate aos focos do inseto, em
articulação com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Todas as unidades de ensino
estaduais estão sendo engajadas no movimento.
Nesta quinta (11), cerca de 50 diretores de escolas da Capital passaram por
formação, com o propósito de ter dúvidas esclarecidas e receber orientações
quanto à implementação de medidas na luta contra o mosquito. Os gestores estão
constantemente em contato com as comunidades nos bairros e, portanto, têm papel
estratégico na divulgação da campanha, assim como no monitoramento do espaço
das escolas.
Monitoramento constante
Como lembra a titular do Comitê de Enfrentamento ao Mosquito da Seduc, Marisa
Botão, o ideal é que as inspeções prediais sejam feitas diariamente.
"Estamos muito aguerridos nesse trabalho, junto com as demais Secretarias
do Estado, para fazer com que os casos de dengue, zika e chikungunya diminuam.
Ainda não temos a pretensão de eliminar todas as ocorrências, mas estamos com a
responsabilidade de fazer com que a incidência diminua. Os gestores irão formar
as pessoas que estão diariamente olhando o entorno e os ambientes das escolas.
Pelo menos uma vez por semana tem que haver uma vigilância mais minuciosa, nos
quatro cantos. É possível, ainda, envolver os alunos e aproveitar o
protagonismo dos jovens para atuar na comunidade", ressalta Marisa.
Nas escolas é necessário atentar, também, para a água que se acumula em calhas,
bebedouros, geladeiras e folhas que ficam no jardim, entre outros pontos. Até
uma casca de ovo pode servir de criadouro para o inseto.
Além disso, uma cartilha está sendo elaborada, no intuito de trabalhar
diretamente com os alunos, contemplando todas as disciplinas e professores.
"Quando conseguimos envolver a educação no processo, a ressonância das
ações é muito maior", observa a responsável pela mobilização na Seduc.
Esforço conjunto
Mesmo com todo o empenho do Governo do Estado na luta contra o mosquito, não
haverá ganho efetivo se a população não se engajar na causa, fazendo sua parte
em casa e nas ruas. A luta deve ser de todos, como explica o assessor técnico
do Núcleo de Vetores da Sesa, Fabrício Kássio Santos.
"Se cada um não fizer a sua parte, fica muito difícil. Não adianta apenas
esperar pelas ações governamentais. Há 30 anos se tenta controlar o aedes
aegypti no Ceará. O ciclo sempre foi o mesmo. O próprio cidadão pode fazer o
trabalho em casa: em banheiros que não estão sendo utilizados, deve-se baixar a
tampa do sanitário e fechar os ralos. Potes e caixas d'água têm que ser vedados
com tela de malha próxima, que não permita a entrada do mosquito. É preciso,
ainda, fechar a saída do cano de vazão da água", orienta o técnico da
Sesa.
Fabrício Kássio recomenda cuidado com as informações divulgadas em mídias
sociais. "Muitas vezes geram-se boatos, que não têm nenhum embasamento
científico, e se espalham entre um grande número de pessoas. Antes de repassar
um conteúdo, tem que se verificar a fonte", alerta.
Nayara Pivisan, bióloga pertencente ao Grupo de Controle Técnico de dengue,
zika e chikungunya da Sesa, lembra que o combate a um vetor pode evitar três
doenças. "A transmissão se dá por meio do mosquito fêmea, nos três vírus.
Apenas a fêmea precisa de sangue, que serve para maturar os ovos",
esclarece.
Iniciativa
Na Escola de Ensino Fundamental e Médio (EEFM) Noel Hugnen de Oliveira Paiva,
no bairro São João do Tauape, em Fortaleza, as ações de combate ao mosquito já
vêm sendo postas em prática. A diretora Gilvaci Lucena conta que a unidade fez,
por iniciativa própria, parceria com o posto de saúde Irmã Hercília Aragão, que
funciona vizinho ao prédio da escola.
"Foram realizadas palestras, por um agente de saúde, e
em seguida formamos grupos para monitorar a escola, realizando a limpeza de
calhas, as plantas e o lixo. Estamos pensando em sair dos muros da escola e
entrar nas comunidades, visitando as casas e promovendo caminhadas",
projeta a gestora.
Interior
Nas Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (Crede)
distribuídas pelo Estado, as brigadas já estão formadas. Ao longo do mês de
fevereiro, agentes das Coordenadorias Regionais de Saúde têm realizado
formações nas escolas e Credes, no intuito de garantir que todas as
instituições ligadas à Educação estadual tomem providências no combate ao aedes
aegypti.